O Julgamento e Morte do Galo que ocorre na cidade da Guarda representa um dos acontecimentos mais genuínos realizados no período do Carnaval em Portugal. Sem samba, lantejoulas e imitações desapropriadas, o acontecimento tem raízes tradicionais no que se realizava há muitos anos em Pousade, tal como é digno de registo o que Cameira Serra/Pires Veiga mencionam na Revista Altitude de Agosto de 1983 como sendo uma das quadras recitadas antes da morte do galo em Valhelhas em 1909, ou seja, há 115 anos:
Com os anos, conta quem sabe, emigrou de Pousade para o largo da Sé no ano 2001.
Manteve a narrativa e, como toda a tradição, foi -se renovando e absorvendo gradualmente novas penugens de modernidade.
A Folia continua a pugnar por ser um momento de purga dos males que afetam a humanidade, libertando-a metaforicamente das situações que a atormentam.
A sátira abraça a comicidade e a fantasia, a tolerância, o prazer e a diversão perduram desde o tempo dos Gregos que 'sacrificavam o galo a Escolápio, deus da medicina, esperando assim, segundo a fábula, curar os doentes e, até, ressuscitar os mortos'.
O antigo ritual passou a originar um espetáculo que, na essência, sustenta um guião que incide em temas e situações que, infelizmente, inundam a atualidade.
Uma orquestra substitui a concertina que, antigamente, era tocada a solo, enquanto as acusações eram proferidas.
A cenografia é implantada junto à Sé que guarda memórias e se assume majestosamente um cenário ímpar, entre os muitos dignificam a identidade da cidade. O Largo tem como nome, Luís de Camões, nosso poeta maior, sendo também motivo de celebração singela os 500 anos do seu nascimento, não fosse ele um audacioso e mordaz autor de textos teatrais e poética incomparáveis.